Richard Feynman sobre Inteligência Artificial: Máquinas podem pensar como humanos?
- Geraldo Doni
- há 10 horas
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Em 26 de setembro de 1985, o físico Richard Feynman respondeu a uma pergunta que continua extremamente atual: será que algum dia existirá uma máquina que pense como os seres humanos e até supere nossa inteligência?
A resposta de Feynman foi direta: “Pensar como humanos? Não. Ser mais inteligente em certos aspectos? Sim.”

Máquinas não pensam como humanos
Segundo Feynman, tentar reproduzir o funcionamento exato do cérebro humano em máquinas seria como querer construir um avião que voe batendo asas como um pássaro. O que a engenharia faz é diferente: aviões usam turbinas, não penas, e ainda assim voam de maneira mais eficiente que aves em longas distâncias.
Da mesma forma, computadores não pensam como nós, mas podem executar cálculos, armazenar e processar informações de forma muito mais rápida e precisa. Enquanto um humano teria dificuldade para repetir uma sequência de 30 números de trás para frente, um computador pode lidar com 50 mil números sem esquecer nada.
Reconhecimento e padrões: a vantagem humana
Apesar da velocidade das máquinas, Feynman destacou que os humanos ainda são superiores em reconhecimento de padrões complexos. Por exemplo, identificar alguém pelo jeito de andar ou pela inclinação da cabeça em uma foto desfocada é algo que realizamos em segundos, mas que até hoje (mesmo com o avanço da IA) permanece um desafio para os sistemas artificiais.
Essa habilidade de interpretar variações sutis — como impressões digitais feitas sob diferentes condições — mostra que o cérebro humano possui um tipo de flexibilidade que ainda não foi totalmente replicada por algoritmos.
Computadores podem criar novas ideias?
Feynman também discutiu se as máquinas poderiam descobrir ideias inéditas sozinhas. Ele explicou que computadores podem encontrar soluções se houver um procedimento definido, como na resolução de teoremas matemáticos ou em simulações complexas.
Ele mencionou experimentos em que programas usavam heurísticas (regras práticas, aproximações) para explorar soluções criativas em jogos de estratégia. Em alguns casos, as máquinas surpreenderam ao vencer competições humanas ao adotar estratégias inesperadas, como construir uma frota gigantesca de pequenos barcos em vez de um único navio poderoso.
Isso mostra que, embora os computadores não pensem como nós, podem chegar a resultados originais quando programados para experimentar caminhos alternativos.
O futuro da inteligência artificial
Para Feynman, o avanço inevitável era claro: computadores se tornariam cada vez mais rápidos e capazes em áreas específicas, como previsão do tempo, cálculos matemáticos e análise de grandes volumes de dados. Porém, a inteligência artificial nunca pensaria da mesma forma que os humanos — apenas chegaria a resultados de maneiras diferentes.
Sua visão antecipa debates que ainda travamos hoje, quase 40 anos depois: até onde as máquinas podem ir e o que significa realmente “pensar”?
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